A dor durante ou após o ato sexual (Dispareunia), que atinge ambos os sexos, sendo, contudo, mais comum em indivíduos do sexo feminino.
O que pode causar a dispareunia?
As causas da dispareunia são usualmente divididas conforme o local aonde a dor ocorre, podendo ser superficial ou profunda.
A dispareunia superficial (ou de entrada) é caracterizada pela dor na entrada vaginal. Em contrapartida a dispareunia profunda é quando a dor ocorre no fundo da vaginal, sendo muito comum a endometriose.
Factores psicológicos e/ou comportamentais da dispareunia
- Perturbações de ansiedade
- Perturbações de humor, como depressão
- Preocupações e medo com consequências negativas (por ex., gestação não desejada, incapacidade de ter um orgasmo, doença sexualmente transmissível)
- Ansiedade no desempenho
- Baixa auto-estima
- Abuso emocional, físico ou sexual durante a infância ou adolescência pode mais tarde impedir a expressão de desejos e sentimentos sexuais
- Experiências sexuais negativas passadas podem levar a baixa auto-estima, culpa ou vergonha
- Traumas, como perda de alguém próximo, pode inibir a intimidade com o parceiro sexual, por medo de que possa ocorrer outra perda.
Dentre as causas emocionais e psicológicas mais usuais e que levam à dispareunia, estão a experiência de ter vivido um abuso sexual em alguma fase da vida, o que faz com que seja despertado um mecanismo de associação do sexo a algo errado e que magoa.
Relações passadas traumatizantes ou sem nenhum prazer, sobretudo quando a mulher se condiciona a manter uma vida sexual meramente para satisfazer o homem, de forma a sustentar uma relação sem ver um sentido particular no acto em si.
Uma educação repressora na infância, sem diálogos sobre o sexo.
Diagnósticos como depressão e ansiedade, que podem actuar directamente na libido e provocar falta de apetite sexual, vaginismo e a falta de conhecimento a respeito da própria sexualidade, nomeadamente quando se enxerga o sexo como um tabu.

Sintomas e tipos de dispareunia
Usa-se a sensação de dor para definir o indício de dispareunia. Contudo, é importante entender que a dor pode ser descrita de diferentes formas.
Ardência e queimação, por exemplo, são exemplos para interpretar o desconforto.
A intensidade das sensações é igualmente relativa. Pode ser leve, moderada, ou atingir manifestações agudas, quando a dor é contundente.
Outro ponto importante é que, ao falar do transtorno, consideram-se casos de incómodos assíduos – e não episódios únicos e isolados.
Dor durante a relação sexual
Quanto ao foco da dor, as mulheres apontam diferentes locais ou situações, tais como:
- parte externa da vagina, especialmente na vulva;
- durante a penetração, incluindo o mal-estar com introdução de absorventes internos ou vibradores;
- no fundo da vagina, mais próximo ao útero;
- após o sexo, podendo perdurar por horas.
No que diz respeito aos tipos de dispareunia, costuma-se categorizá-los da seguinte forma:
– Primária – o incómodo acontece desde a primeira relação sexual;
– Secundária – as sensações desagradáveis aparecem com o tempo, depois de experiências normais, sem desconfortos;
– Ocasional – verifica-se com parceiros específicos ou apenas numa determinada posição;
– Generalizada – todas as tentativas de sexo são seguidas por dores.

Como saber se é dispareunia
O diagnóstico deve ser efectuado pelo ginecologista ou urologista, após a análise dos sintomas explicados e a observação dos órgãos genitais.
O exame físico cuidadoso, com identificação das áreas dolorosas, inspecção detalhada para analisar alterações da anatomia e a presença ou não de lesões vulvares, na generalidade, demonstra a causa.
O médico ginecologista também pode solicitar exames como papanicolau e ecografia pélvica para identificar as possíveis causas e assim indicar o tratamento conveniente.
Diferente do vaginismo, a dispareunia é mais associada a problemas físicos e a dor pode ser tão intensa que impede a relação sexual.
Tratamento
Dependendo da causa, o tratamento específico será recomendado. Pode incluir fisioterapia pélvica, terapia hormonal, uso de pomadas lubrificantes ou cirurgias, de acordo com o quadro clínico diagnosticado.
A fisioterapia pélvica é considerada uma escolha eficaz para reduzir os sintomas da dispareunia. Uma vez que ela trata, previne, orienta e proporciona conhecimento não só sobre a região pélvica, mas em relação ao corpo todo.
A fisioterapia do pavimento pélvico não passa unicamente por fortalecer ou relaxar músculos.
Existem várias técnicas específicas para poder minorar cada um dos sinais. Sinais esses, que divergem de pessoa para pessoa. Ou seja, não há uma “receita” de tratamento na fisioterapia.
Assim sendo, podem ser usadas técnicas manuais, como por exemplo terapia manual na região externa da bacia: o realinhamento de alguns ossos pode facilitar na restauração da tensão normal da musculatura pélvica.
Pode ser praticada mobilização articular, libertação miofascial, alongamento e reeducação neuromuscular e tratamento interno e externo de pontos gatilho (pontos com dor).

Exercícios específicos que trabalham esta região são também uma técnica chave para o êxito do tratamento.
Por vezes, o fisioterapeuta pode considerar importante no conjunto de técnicas usar também electroestimulação.
Terapia manual
Através da terapia manual, é aceitável tratar alterações músculo esqueléticas, alongar e relaxar o canal vaginal e, dessa forma, tratar e prevenir-la.
Deverá seguir novos exemplos de hábitos alimentares e comportamentais, como por exemplo, retirar da sua alimentação os alimentos que possam estar a gerar irritação no trato urinário (infecção urinária) e/ou digestivo, aconselhar a ingestão de água de forma correta, as idas à casa de banho para urinar (6-8 vezes por dia), etc.
Em casos de dispareunia situacional, uma simples adaptação resolve o problema.
As posições desagradáveis devem ser evitadas e, com o diálogo, o casal descobrirá o melhor para ambos.
O auto-conhecimento do corpo e das circunstâncias se são excitantes ou não, permitindo o relaxamento e a lubrificação, também são imprescindíveis.
Pode surgir na menopausa ou quando a mulher está a fazer algum tipo de tratamento contra o cancro, porque além do factor emocional não favorecer o contacto íntimo, a radioterapia também causa alterações nos tecidos que tornam o contacto íntimo doloroso.
Algumas recomendações para ultrapassar este problema
- Se sentir desconforto durante as relações sexuais, não se iniba e procure ajuda de um profissional, para que ele possa ajudá-la a usufruir plenamente da sua sexualidade.
- Use lubrificantes que facilitam as relações sexuais.
- Faça posições sexuais que sejam mais prazerosas para si e que não forcem tanto.
- Dê importância aos jogos preliminares para alcançar um estado ideal de excitação e lubrificação.
- Cuide dos seus músculos vaginais e faça exercícios específicos.
Consequências no relacionamento
A dispareunia pode fazer com que a mulher não desfrute das suas relações sexuais. Com o passar do tempo, ela pode acabar evitando-as completamente para não ser obrigada a enfrentar a dor.
Muitas mulheres suportam esta situação e se resignam, mas logicamente os efeitos a médio prazo no relacionamento e na cumplicidade entre o casal são devastadores.
O homem também sofre porque se sente culpado da dor que causa na parceira, quando o que ele quer é exactamente o contrário.